A indignação com o estado de coisas presente e a visão da totalidade são elementos essenciais à construção de utopias relevantes, como a que necessitamos para o resgate da democracia e da soberania. Esse resgate passará também por uma nova economia política, em que o egoísmo do “consumidor” (ou do investidor) dê lugar à busca da felicidade, de modo solidário; em que o bem estar de cada indivíduo seja também o do ser humano integral, um verdadeiro bem-viver, que não poderá ocorrer enquanto prevalecerem os ódios e a dominação de classe, de raça ou de gênero.
Uma nova utopia deverá necessariamente alargar os espaços da esfera pública, conter a liberalização desenfreada dos mercados, eliminar o descontrole do capital financeiro e, sobretudo, buscar romper com os padrões seculares de Desigualdade de Renda e Riqueza que marcam nossa sociedade. Por outro lado, esses objetivos só poderão ser alcançados se concomitantemente lograrmos assegurar nossa dignidade como país soberano. (Celso Amorim).