A elite do atraso e suas mazelas

Gostaria hoje de dar uns tecos na “elite do atraso”. Ela merece muito mais do que tecos, claro. Mas vou exercer certa autocontenção. Não é fácil fazê-lo, como o leitor certamente imagina. No Brasil, os donos do dinheiro e do poder apresentam características altamente problemáticas, como se sabe há muito tempo. Machado de Assis já notava em 1861: “O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco”. Machado foi um de muitos grandes brasileiros que não se conformaram com o contraste entre o país e suas camadas dirigentes.

Conquista e Reconquista

Todas as grandes nações passam por grandes crises. A França teve Pétain, Laval e Vichy. A Alemanha, Hitler e o nazismo. O Japão, Hiroshima e Nagasaki. Todas se refizeram e recuperaram o seu lugar no mundo. Não será diferente com o Brasil.

Brasileiro não pode ser premiado

Nelson Rodrigues já dizia que o brasileiro é um pobre e indefeso ser, um Narciso às avessas, que cospe na própria imagem. O brasileiro ostenta tranquilidade, gosta de celebrar, cultiva a alegria. É a sua superfície. Mas essa superfície festiva mal esconde um lado triste, sombrio, soturno. Eis a verdade: o brasileiro carrega na carne e na alma séculos de decepções e humilhações. O povo, enraizado na escravidão; a elite, enraizada na subserviência colonial.

Bolívia, Chile, Bacurau

O leitor ou leitora que está aí, invisível, inacessível, atrás da tela onde ora vou digitando essas palavras, esse leitor ou leitora haverá de compreender, de certo, que escrever se mostra cada vez mais difícil? Estou à beira de desistir. Mas retiro o ponto de interrogação. Não cabe a dúvida – ironicamente presente na expressão “de certo”. O leitor desta coluna compartilha comigo alguns valores, opiniões e – sobretudo – angústias. Quem vivencia o momento atual, no Brasil e no mundo, sem angústia, sem pelo menos uma ponta de angústia, dificilmente estaria lendo estas palavras neste momento.

Coragem!

Qualquer civilização cabe nos abismos da história. Digito essa frase apocalíptica e paro, um pouco constrangido. Brasileiro, verdade seja dita, não tende à generalização. Nossa contribuição à filosofia da história, e à filosofia em geral, é próxima de zero. Portanto, é o destino da civilização brasileira que nos angustia. Agora mais do que nunca. Estamos sem reservas espirituais, sobrecarregados com desafios e problemas próprios. As outras civilizações que cuidem de si mesmas.

Taxação de Grandes Fortunas e Reforma Tributário, com Paulo Nogueira Batista Jr.

A economia brasileira está em depressão. O impacto da pandemia, empresas endividadas, desemprego em alta. Diante desses desafios, o que a taxação de grandes fortunas e a reforma tributária podem contribuir para retomada da distribuição de renda e de uma política de desenvolvimento para o Brasil? Perguntas para o Diálogo de 20 Minutos com o economista Paulo Nogueira Batista Jr.

Os vira-latas e a questão ambiental

Quero tratar hoje de um tema de vital importância: a agenda ambiental. O Brasil tem
tudo para desempenhar papel de liderança nesse tema, como fez aliás em períodos anteriores.
No atual governo, porém, o nosso país tem se destacado por sua postura anticientífica e
negacionista. No tema ambiental, assim como na pandemia. Ficamos isolados e fomos
transformados em párias internacionais, inclusive nesse tema que é objeto de atenção
crescente no mundo inteiro.

Sobre a polêmica proposta de uma frente ampla

“Só tenho um objetivo, a destruição de Hitler, e isso simplifica minha vida consideravelmente. Se Hitler invadisse o inferno, eu faria pelo menos uma referência favorável ao diabo na Câmara dos Comuns”. Winston Churchill disse essas frases a propósito da aliança com Stalin e a União Soviética – aliança que repugnava a muitos integrantes da classe dirigente britânica. Lembrei-me delas a propósito da nossa situação no Brasil hoje.

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