Por Eduardo Moreira
Desde o final da semana passada, quando veio a público o caso envolvendo o ex-ministro Silvio Almeida e a ministra Anielle Franco, nada mais tem importância. O país foi varrido por essa grave questão, pululando opiniões, manifestações de toda ordem e até sentenças previamente proferidas.
Estamos vendo uma infinidade de reações: condenações ao Me Too, ao ex-ministro, à ministra, às mulheres, a outros integrantes do governo que estariam cientes do fato, a quem opina a favor de um lado, de outro lado, e assim por diante.
Pessoalmente, seja lá onde esteja a verdade, o caso é muito grave, mas muito, muito triste. Nós que militamos no campo progressista e defendemos mais direitos e mais democracia, o que só se alcança com mais respeito às minorias, estamos vendo dois grandes símbolos de lutas que nos são tão caros, em busca de um país um pouco mais civilizado, envolvidos nessa teia sem fim.
Me espanta, ainda que não devesse, a míriade de opiniões e pré-julgamentos que lemos em todas as redes e até nos grupos de WhatsApp do nosso campo. Juristas, jornalistas, empresários e “especialistas” de toda a sorte têm a sua “verdade”.
Resolvi, pela tristeza e pelo retrocesso em nossas batalhas, me recolher com minhas próprias reflexões, torcendo para que os culpados sejam condenados após o devido processo e ampla defesa.
De toda sorte, ante a enxurrada de vaticínios, me lembrei da Mitologia Grega: antes tudo era o Caos, que pode ser simbolizado por um vão escuro, uma queda livre sem fim, até que surgiu Gaia, a Terra.
Nesse episódio, reitero, em tudo lamentável, com a infinidade de linchamentos, indago: onde está Gaia…