Por Jeferson Miola
Depois de mais de 1 ano e meio de dúvidas e interrogações, a pergunta Cadê Queiroz!? foi finalmente respondida.
Fabrício Queiroz estava escondido e bem protegido pelo clã dos Bolsonaro em imóvel do advogado e amigo deles, Frederick Wassef, aquele que disse que está “no dia a dia aqui com o presidente e com a família”, que conhece “tudo que tramita na família Bolsonaro”.
Neste período todo, desde o final de 2018 até hoje, a Polícia Federal [ainda sob a direção de Sérgio Moro], assim como o MP e a Polícia Civil do Rio tiveram inúmeras oportunidades para captura Queiroz, mas curiosamente preferiram não fazê-lo.
Assim como os Bolsonaro mantinham Queiroz no radar, os serviços de inteligência das polícias e do MP também monitoravam de perto todos os passos dele.
Mas alguém – “alguma inteligência superior” da realidade orwelliana em que o Brasil está mergulhado – sabia, controlava e manipulava tudo o que o “serviço particular de informação” do Bolsonaro e o que os serviços oficiais de inteligência controlavam.
Em pelo menos 3 circunstâncias Queiroz poderia ter sido preso, mas não foi: [1] na passagem de ano para 2019, celebrada com dancinha no hospital Albert Einstein; [2] quando ocupava apartamento no bairro chique do Morumbi, capital paulista; e [3] em outubro de 2019, quando vazaram áudios com ele ativo nos negócios do clã e dispondo-se a lotear cargos na Câmara e no Senado.
Chama atenção, por isso, que Queiroz tenha sido capturado justo neste momento de altíssimo estresse político e institucional provocado por Bolsonaro.
A prisão do comparsa do clã complica a vida do Flávio e, é claro, atinge gravemente Bolsonaro, que perde vigor político na afronta ao STF e ao Congresso, e vê balançada sua permanência no cargo presidencial.
O debilitamento do Bolsonaro não significa, entretanto, o debilitamento do regime tutelado pelos militares. Pode ser, aliás, que o cálculo tenha sido preventivo – ou seja, Bolsonaro pode estar atrapalhando o aprofundamento do projeto militar de poder.
O timing da revelação do paradeiro e da prisão do Queiroz, neste sentido, pode ser uma medida profilática; uma ação de descarte do Bolsonaro planejada pelos próprios militares.
Se e quando o general Mourão entrar em aquecimento, esta hipótese ficará cabalmente comprovada.