Os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Ronaldo Caiado (GO) estiveram nesta semana em Israel, a convite de Netanyahu, premier daquele país.
O que foram fazer lá? Foram pedir a Netanyahu que cesse o genocídio contra os palestinos em Gaza?
Ninguém é ingênuo para supor que ambos foram a Israel por uma causa nobre e humanitária como tal.
Foram lá para deixar nítido o apoio de ambos a Netanyahu porque comungam do seu pensamento político de extrema-direita. E porque acreditam que faturarão o apoio daqueles que ingenuamente acreditam no papel profético de Israel na redenção da Humanidade, pouca importa o banho de sangue que ceifa a vida de civis inocentes em Gaza, sobretudo de crianças, mulheres e idosos.
Tarcísio de Freitas e Caiado são candidatos a herdeiros de Jair Bolsonaro na disputa à Presidência da República em 2026, já que este, tendo cometido crime eleitoral, está impedido de concorrer. O ex Presidente acaba de ser indiciado pela Polícia Federal pelo crime de ter fraudado o certificado vacinal da Covid e outros indiciamentos que fatalmente virão em breve, como os relativos à comercialização de jóias de propriedade da União e à tentativa de Golpe de Estado, prenunciando, caso condenado, a perda matematicamente definitiva dos seus direitos políticos.
A questão religiosa não pode ser aqui aprofundada em razão da minha incapacidade para enfrentá-la com proficiência. E também porque não vem ao caso, já que o que se trata verdadeiramente é constatar e repudiar a desfaçatez política de ambos governadores, os quais, no afã de confrontarem o Presidente Lula, empreenderam uma iniciativa demagógica e oportunista e criaram uma situação diplomática constrangedora para o Brasil.
Nem Tarcísio e nem Caiado podem se arvorar representar o Brasil no plano diplomático, já que tal prerrogativa, em conformidade com a nossa Constituição, é da exclusiva responsabilidade do Governo Federal. Ao infringirem tal dispositivo legal, ambos, salvo melhor juízo, incorreram em crime e estão sujeitos a sanções. Tarcísio de Freitas, provavelmente alertado sobre esse risco, mal conseguiu disfarçar, alegando que fora a Israel em busca de parceria tecnológica e-coisa-e-tal. Já Caiado nem tentou esse disfarce.
O fato é que ambos, alegres e saltitantes, posaram para fotos com Netanyahu e lhe apertaram as mãos. Um vexame. Ao fazê-lo, sujaram as próprias mãos de sangue.