MANIFESTACÃO NO RIO: O GOLPE NÃO VEIO E A PROFECIA DO CAOS NÃO ACONTECEU.

MANIFESTACÃO NO RIO: O GOLPE NÃO VEIO E A PROFECIA DO CAOS NÃO ACONTECEU.

Por Jacqueline Muniz

  1. A juventude negra e das periferias foi as ruas liberta dos supostos proprietários de manifestações. E o golpe alardeado pelos profetas do caos não chegou até agora. Quem foi não superestima ou subestima a repressão policial porque a conhece bem. É por ela cercado todos os dias! Quem foi não subestima ou superestima os perigos da pandemia, porque suas vidas estão expostas regularmente às vulnerabilidades e necessitam fazer cálculos de riscos, do tipo obedecer os domínios armados e adoecer de COVID ou desobedecer e morrer de bala achada, para ficar vivo e sobreviver diariamente.
  2. Não foi uma balada da Ilha ou Castelo de Caras. Não teve as subcelebrities de mobilização em seus camarotes VIPs. Tinha a juventude que vive diariamente o medo de morrer e de sobrar. Ontem o medo defensivo e provocativo estava com as forças da ordem em sua ostentação.
  3. O que eu vi? Não foi um desfile de samba-enredo sobre a herança africana folclorizada com favelado fantasiado de si mesmo p/ agradecer as Princesas Isabel monopolizadoras dos lugares de fala. Lá tinha a juventude preta e pobre real que cuidou de sua segurança sanitária e coletiva.
  4. O que aprendi: é preciso ler a ruas com outros óculos que não sejam as lentes batidas dos intelectuais e políticos que falam JAVANÊS e dedicam-se a conjecturas seguras com seus marcadores de classe, cor, gênero etc. e articulações de quem só vê do alto e para poucos em gabinetes. Quem precisa aprender com as manifestações de 2013 são as mesmas lideranças que lá não estiveram, tão desacostumadas que estão com a horizontalidade, pluralidade e conflito de representações.
  5. A juventude da periferia não curte JANAINAS PATRIOTAS REMUNERADAS de direita e nem as de esquerda.
  6. Agradeço a antropologia que me faz buscar e vencer meus próprios preconceitos. E, ainda, minhas colegas de pesquisa Ana Paula Miranda e Rosiane Rodrigues que fazem da reflexão crítica, independente, empiricamente embasada e dos saberes partilhados a partir da escuta às realidades, mais que um método, uma Ética que orienta suas carreiras acadêmicas e suas posturas politicas.
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