Homenagem a D. Pedro Casaldáliga, o Profeta dos Povos

Homenagem a D. Pedro Casaldáliga, o Profeta dos Povos

Por Comitê Carioca de Solidariedade à Cuba

A poucos dias de festejar mais um ano do aniversário de # Fidel, morre um amigo  de #Cuba, admirador da Revolução Cubana. Hoje, dia 8 de agosto, aos 92 anos, faleceu Pedro Casaldáliga Pla, religioso, escritor e poeta espanhol que viveu grande parte de sua vida no Brasil, defensor dos menos favorecidos. 

  Na década de 1980 ele visitou Cuba e encontrou nosso comandante. Depois dessa visita, ele afirmou:

“Também sou testemunha das conquistas que o povo cubano alcançou na saúde, na educação, na produção. Temos que abrir o coração e o Evangelho a essa ilha admirável”.

Carta aberta de Padre Casaldáliga a Fidel Castro

Pedro Casaldáliga, bispo – 

São Félix do Araguaia, 10 de dezembro de 1996

Fidel:

Mais uma vez recebo um convite de Cuba e mais uma vez tenho que me contentar em enviar uma mensagem. De coração, isso sim.

Hoje eu o dirijo a você, pessoalmente e sob sua tutela, para remover até mesmo o mais leve indício de cerimônia. Como convém a camaradas de lutas e esperanças.

Espero não escandalizar muito nem a direita nem a esquerda.

Nos dias de hoje você tem sido uma grande notícia, também no Brasil. Com manchetes como esta: “Um ateu no Vaticano”.

E queria falar sobre isso, a você e a todos os companheiros e companheiras que estão aí nesta hora histórica de seus 70 anos, do processo cubano e da macroditadura neoliberal.

Ainda me lembro com emoção da carta que Betto, os irmãos Boff e eu demos a vocês em 1985, escrita em seu nome pelo Patriarca da Solidariedade e dos Direitos Humanos, Cardeal Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo. “Mesmo que se diga inacreditável – disse-lhe ele – peço-lhe que ore por mim …”.

Fidel, neste momento de sua vida e da minha e da marcha de nossos povos e das igrejas mais comprometidas com o Evangelho feito vida e história, você e eu podemos muito bem ser crentes e ateus ao mesmo tempo.

Ateus do deus do colonialismo e do imperialismo, do capital egomaníaco e da exclusão e fome e morte para a maioria, com um mundo mortalmente dividido em dois. E crentes, por outro lado, no Deus da Vida e na Fraternidade universal, com um mundo humano único, na Dignidade respeitada igualmente de todos os povos. 

Com esta fé, abraço todo o povo de Martí, na esperança da sua vitória sobre o bloqueio iníquo, na defesa das suas conquistas sociais e na consolidação de uma democracia sem privilegiados e sem excluídos, com Pão e com Espírito, com Justiça e com Liberdade; na bela pátria da Ilha e em toda a Grande Pátria da Nossa América.

Não estou te dando a bênção porque sou dois anos mais novo que você e cabe aos mais velhos abençoar …

Eu te abraço, como um companheiro de estrada.

Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, MT, Brasil

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