O narcisismo sempre nos dá de volta uma imagem imperfeita, o Coroné de Paris tem uma autoestima que eu invejo. Ele dá declarações pomposas, que fazem pensar que se ele participar ou não do pleito de 2022 pode ser um marco histórico, caso ele ganhe os Mariners atacarão o Brasil, para evitarem que o novo Bolívar latino-americano assuma Pindorama, ou a Bolsa de Nova Yorque quebrará e os polos inverterão seu magnetismo.
Tudo bem que ele é chatíssimo, parece um ator canastrão de novela mexicana do SBT da década de 70, com aquele complexo maluco de “eu queria ser o Lula”. Se o Lula não tivesse nascido, o Coroné de Paris já teria ganhado 5 eleições presidenciais, 3 Oscars, um porco na rifa da Feira de São Cristóvão, um Grammy e o prêmio Nobel da Paz. O moço de Paris não dá bom dia, ele vira na esquina e fala para a moça, “e o Lula”?
Ele achou uma chatíssima trupe que o acompanha pelo universo digital. São os jovens da igreja cirista dos 8% (que se não fosse o Lula, seriam 80%), que carregam o livro sagrado do Ciro (uma versão muito malfeita das teses do Bresser-Pereira, com 20 anos de atraso). Cirominion é clone mal disfarçado de bolsominion. Eles vagam pela internet perseguindo tretas com qualquer um que digite o nome do Ciro, ou simplesmente escolhem um simpatizante do Lula, aleatoriamente no rolé, para começar uma treta insondável em alguns grupos. Eles tentaram se disseminar fazendo um puxadinho chamado “somos 70%”, mas com duas semanas no ar e 50 mil postagens “e o Lula?”, “e o PT?”, a iniciativa esvaziou-se e voltou a ter menos gente que os 8% que o Coroné conseguiu sendo o candidato da terceira via.
O Coroné já tentou de tudo. Primeiro tentou ser o candidato Michael Jackson. Não era de esquerda, nem de direita, nem jovem, nem velho, nem homem, nem mulher, nem branco, nem preto. Era tipo o ar, incolor, inodoro e insipido. Não deu certo. Depois tentou pegar carona na Lava jato e ser dublê do Pato de Maringá. Falhou também. Por último fez um discurso tão à direita que achei que, na companhia da Bela Recatada e do lar, Tabata Amaral, ele queria ganhar o coração dos bolsominions. Falhou também. Não tem viagra que faça a pipa do coronel vovô voar mais. E talvez seja também culpa do Lula, principalmente depois que ele exibiu o exuberante triplex de São Bernado em sua foto estilo artista de cinema com a Janja. Dizem as más línguas que retiraram todos os objetos perfurocortantes do apartamento neste dia, para o moço de Paris não cortar de vez o pulso.
Bem, mas nada disso faria eu gastar minhas horas inúteis de desempregado, alcóolatra e hipocondríaco para falar do insignificante Coroné de Paris não fosse o fato bizarro do discurso estilo Jânio Quadros dele de hoje. Jânio, como todos sabem, fingiu renunciar para voltar nos braços do povo. A única coisa que conseguiu foi afundar o Brasil na malfadada ditadura militar de 1964. Além de ser expurgado da cadeira, porque os militares disseram, se você não quer tem quem queira, ele iniciou uma crise que culminaria num ciclo de 20 anos de horror. A história se repete, a primeira vez como tragédia, a outra como farsa cabotina, de um ator canastrão, num teatro de quinta, sem o público.
Depois do PDT votar contra os trabalhadores na reforma trabalhista, na entrega das empresas estatais, na privatização dos correios, na flexibilização do monopólio e desmonte da Petrobras, na venda dos Correios, Cirão da Massa, que até agora fazia o papel do corno feliz, fingia que seus deputados eram vestais e nunca se manifestou contra o assassinato da memória do Brizola (se o velho Briza retornasse do túmulo enfiava a porrada na maioria dos deputados do PDT). Aí Jânio, ops, quero dizer, Ciro, revolta-se e diz, espera aí, mas assaltar o precatório das víuvas e dos aposentados não, eu renuncio a minha candidatura se o PDT não voltar atrás do voto pró fascista que deu (só desta vez, sério)?
Nesta peça de tragicomédia de terceira encenada a mando do marqueteiro de quinta, João, o de Santana, o que quer o Coroné de Paris afinal? Finalmente conseguir o viagra para ver se a pipa dele finalmente sai dos 8 cm, quer dizer, dos 8%? Ou se retirar de novo e viajar para Paris sossegado, dizendo que foi traído pelo partido, que durante todo o tempo em que ele não se ausentou do Brasil sempre votou contra os trabalhadores?
Sei que o texto nem teve graça. Nem era para ter, esta palhaçada do Coroné de Paris também não teve.
Fulgêncio Pedra Branca é escritor alcoólatra e hipondríaco. Escreve de graça para esta coluna por falta de coisa melhor para fazer na vida.
Uma resposta
Quem nasceu pra pau de galinheiro só leva cagada na cara, vá fazer um curso com Nil de Ogum sobre o que é revolucão… Jânio tinha uma coisa especial sabia como falar a lingua do povo, comia pão com mortandela com sofriguidão, Hitler fazia isso com tortas…quem não nasceu pra governar da fracasso até antes de começar…quem tem inimigo fantasma vive no pavor… olha ele ai, oh ele ai oh…
Brizola foi um político que o país perdeu, sendo tão desacreditado pela mídia em tantos momentos, mas o coroné comete dois pecados: não tem carisma algum, e compra inimigos como don Quixote.