CERTA ARTE

Vi há alguns anos, quando ainda morava em Xangai, o filme “Flores raras”, dirigido por Bruno Barreto, com Glória Pires. Como foi bom ver um grande filme brasileiro estando tão distante do nosso querido país! O filme é a estória do atribulado romance entre a paisagista e urbanista, Lotta Macedo Soares, uma das responsáveis pelo planejamento do Aterro e Parque do Flamengo, e a poeta americana, Elizabeth Bishop.
A Rota da Boa Esperança

O artigo anterior desta coluna tratou do que chamei de “destino planetário do Brasil”.
Extravagante, mas fez sucesso. Vale a pena, talvez, insistir no tema. O brasileiro está
precisando de alento. O artigo foi meio delirante, eu sei. É o que tende mesmo a acontecer –
quando alguém sonha sozinho, o sonho pode degenerar em delírio. Mas quando muitos
sonham juntos, ah, aí o delírio pode virar realidade. E, convenhamos, o nosso futuro está logo
ali.
Brasil, país-planeta (ou Saudades do futuro)

Ultimamente, tenho pensado muito – não só com a cabeça, mas também com o coração – no papel planetário do Brasil. Isso pode parecer estranho, quando se considera o ponto baixíssimo em que nos encontramos, dentro e fora de casa. Reconheço que é mesmo estranho. Mas nosso país, leitor, tem que pensar grande. Não pode […]
Sonhos

Já disse, e repito hoje: não sou um sonhador. Cético de temperamento, parece-me até meio ridícula, ligeiramente demagógica e sentimental, a frequente referência a sonhos e à necessidade de sonhar. E, no entanto, …
Lula lá

Vamos sonhar um pouco hoje? Suponha, leitor, que Lula vencerá as eleições e começará um novo governo em janeiro de 2023. Não sou petista nem lulista, devo mencionar, tive ao longo das últimas décadas divergências com o PT e seu principal líder – e as expressei publicamente em diversos momentos, às vezes de forma enfática. Mas parece claro que Lula é hoje, de novo, a melhor opção para o Brasil dentre as que temos.
A economia favorece a reeleição?

Há pouco mais de um mês, publiquei aqui um artigo com título dramático: “Hora de partir para a jugular!” . Argumentei que Bolsonaro vive seu pior momento, mas pode se recuperar e disputar com grande chance a reeleição. E que cabe, portanto, derrubá-lo agora, na sua fase de maior fraqueza. Desde que o artigo foi publicado, as possibilidades de recuperação do governo ficaram mais evidentes. Já não vejo quase ninguém se animando a dizer, como muitos antes diziam, que o presidente nem chega ao segundo turno das eleições do ano que vem. Isso é uma pena, claro, mas temos que ser realistas. Quero retomar a discussão hoje, concentrando-me nos aspectos econômicos, sem repetir os argumentos do artigo anterior.
Acordos internacionais – armadilhas para um futuro governo brasileiro

O Brasil participa atualmente de duas negociações econômicas de importância estratégica – importância muito mais negativa do que positiva, como vou explicar. Refiro-me ao acordo Mercosul/União Europeia e à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As duas remontam ao governo Temer, que decidiu pleitear o ingresso na OCDE e retomar negociações antigas com a União Europeia. Foram levadas adiante pelo governo Bolsonaro, mas estão basicamente paralisadas, por obra das suas políticas climáticas. Dificilmente serão concluídas enquanto o governo não for substituído ou não mudar suas políticas nessa área (e a primeira hipótese parece mais fácil do que segunda!).
China, Bolsonaro, vacinas

Como entender, se é que isso é possível, o imbróglio China/Bolsonaro
/vacinas. Os chineses estão, de fato, retaliando e colocando vidas brasileiras em risco? Que lições tirar dessa crise?
O Estadão deu algumas bolas fora

Comentário sobre editorial do jornal “Estado de São Paulo” que comete uma série de erros e injustiças ao protestar contra a volta de Lula como líder nas intenções de voto.
Promessas e desafios do novo governo dos Estados Unidos

Em que sentido se pode dizer que o Joe Biden representa uma ruptura, ou pelo menos uma descontinuidade, na história e na vida político-econômica americanas? Antecipando em três ou quatro frases o argumento que pretendo desenvolver aqui, diria que a descontinuidade parece maior no plano doméstico do que no plano internacional. No plano interno, a descontinuidade é realmente imensa – o que se tem é uma mistura de hiperkeynesianismo com social-democracia (no sentido europeu) – uma ruptura em relação às tradições americanas, especialmente dos últimos 40 anos. No plano internacional, o que Biden propõe é, essencialmente, um retorno ao padrão pré-Trump, guardando do seu antecessor certos objetivos, mas não os métodos. Se tudo der certo para Biden, o governo Trump aparecerá como um desvio, infeliz, pouco inteligente, que enfraqueceu os Estados Unidos.