Matar tem mérito e morrer tem merecimento no Brasil pandêmico de Bolsonaro
Faz parte da tecnologia do Estado, a fabricação de soberania sobre territórios e populações, a gestão da vida e dos seus fluxos itinerantes e translocais. Faz parte dos modos, pacíficos ou violentos, de produção de governo a administração do que é concebido, disputado e negociado como “vida” em sua pluralidade de manifestações. Faz parte das tecnologias de poder, a ambição de se produzir monopólios sobre a nomeação mesma do que é a vida e, por sua vez, a governança do seu significado, sua propriedade, sua relevância e sua serventia. Faz parte do funcionamento da máquina estatal, com tudo que esta tem de embates internos e confrontos de sentido, gerir a vida em sua diversidade e magnitude demográfica, atribuindo valor, regrando sua existência, assistindo sua reprodução, controlando seu movimento, reconhecendo sua realidade.
AS FALAS DO GOLPE
Avisei em entrevistas e artigos que não tinham cabo e soldado na porta do STF ou do CONGRESSO. Tem gente que fica psicografando golpe em ritual catártico. Uns blefando para parecerem mais fortes do que são. Outros, futurologizando, para espantarem fantasmas do passado e seus próprios espantalhos políticos. Outros mais, para desmoralizarem oportunidades repressivas futuras.
Tchau, querido(s): Acabou o amor militar
É parte de etiqueta do poder, entregar o cargo, a pedido ou não, com discrição “a bem do serviço público”. É normal a mudança de comandos, chefias e gabinetes em governos civis eleitos para produzir ou sustentar arranjos de governabilidade conforme as contabilidades políticas da ocasião.
Autonomia policial ou emancipação predatória?
Desde a minha tese de doutorado sobre a Polícia Militar, defendida 21 anos atrás, tenho insistido que o problema dos meios de força combatentes e comedidos é de governabilidade. Eles sofrem de emancipação predatória e se recusam a qualquer expressão de controle civil. Tem-se autonomia demais e controle de menos do principal poder que uma sociedade livre delega ao Estado para administrar em seu nome: o poder de polícia que dobra vontades e restringe liberdades.
MANIFESTACÃO NO RIO: O GOLPE NÃO VEIO E A PROFECIA DO CAOS NÃO ACONTECEU.
A juventude negra e das periferias foi as ruas liberta dos supostos proprietários de manifestações. E o golpe alardeado pelos profetas do caos não chegou até agora
A quem interessa ser profeta do caos?
A advertência de não realização de manifestações políticas, fundada no medo e na promoção do pânico social, é um atentado à democracia, uma forma de extorsão de poderes, de dirigismo monopolista das pautas plurais e das reivindicações divergentes de sujeitos que são diversos em cor, classe, renda, gênero, orientação sexual, instrução, etc. A advertência sob a forma de ameaça produz paralisia decisória de lideranças, imobilismo social e lugares resignados de fala, que seguem aprisionados nas redes sociais, na política emoticon do “estamos juntos” até o próximo bloqueio, diante da comunhão de princípios com diferença de opiniões: “você deve ir ao shopping, mas não a passeata”.
De polícias autonomizadas aos governos autônomos
Por Jacqueline Muniz Triste constatar que propostas “progressistas” e “conservadoras” tem em comum ampliar o poder de polícia no Brasil, seja apostando no falso mito da UNIFICAÇÃO, seja apostando na desregulação da discricionariedade policial. Uma e outra implicam num estímulo a autonomização predatória, cujos resultados são as perversões de se passar uma procuração em aberto […]
Não era uma reunião de trabalho presidencial
Não era uma reunião de trabalho presidencial. O Brasil e sua urgência foram barrados. Um plano nacional foi excluído. A Pandemia foi ignorada, afinal é vista como um problema pessoal de higiene e falta de capricho. Assistiu-se a uma conversa entre um representante de vendas presidenciais e seus gerentes de franquias ministeriais.
A vontade de poder da Santíssima Trindade Bolsonariana e a cruzada contra os mensageiros da COVID-19
Há um cálculo na jogada da Santíssima Trindade (Pai, Filho e as Fakenews). A retórica libertária antissistema – “não tô nem aí”– substitui a condução política “impura” do Estado por um comando missionário “puro” da nação. Em vez de agir como governante, age intencionalmente como um mártir destemido, independente e visionário, o ELEITO, que vive o RITO do sacrifício público das desmoralizações, xingamentos e panelaços dos eleitores para ser fazer MITO.