A PETROBRÁS E A SANHA DO FINANCISMO.

res que a baixa especulativa em um único dia seria restabelecida pela alta na cotação das ações no pregão da Bolsa no dia seguinte. E vida que segue.

Para esse pessoal não interessa lembrar que, desde o primeiro dia do terceiro mandato do Presidente Lula até os dias de hoje, as ações da Petrobrás na Bolsa passaram por uma valorização superior a 100%. Esse tipo de ganho, que não tem paralelo com nenhuma outra grande petroleira do mercado internacional, representa uma rentabilidade que não se encontra em nenhum outro tipo de atividade econômica em nosso País para o período considerado. A linha do gráfico se inicia com o valor de R$ 17,90 e termina em R$ 36,40.

Evolução da cotação das ações da Petrobrás na Bolsa – 01/01/23 a 14/03/24

Fonte: B3.

A Petrobrás é uma empresa estatal e a maior parte de seu capital pertence ao governo brasileiro. Além disso, a União possui mais de 50% do total de ações com direito a voto. Assim, os investidores que optaram por adquirir títulos do grupo estavam cientes a respeito da natureza pública do grupo e da possibilidade de que, em algum momento, os ganhos fossem redirecionados para o necessário aumento de investimento e da capacidade produtiva da mesma. Essa opção é ainda mais compreensível em uma conjuntura em que o Ministério da Fazenda atua duramente pela consecução da meta de zerar o déficit primário e que o Novo Arcabouço Fiscal elaborado por Fernando Haddad impede a capitalização de empresas estatais pelo Tesouro Nacional. A austeridade fiscal impede a expansão das atividades da Petrobrás.

Esse comportamento ávido e ganancioso do financismo parece mesmo não ter limites. O primeiro aspecto a ser ressaltado é que a distribuição de lucros e dividendos continua senso isenta do pagamento de imposto de renda. Uma loucura! Trata-se de uma benesse oferecida por Fernado Henrique Cardoso aos detentores de capital em 1999 e que continua valendo até os dias de hoje, sem nunca ter sido excluída. O governo foi dirigido por representantes do Partido dos Trabalhadores por mais de 15 anos e a regra não foi seque alterada.

As demais fontes de drenagem de recursos públicos para o capital financeiro podem ser observadas pelo volume das despesas com pagamento de juros da dívida pública. Trata-se de um verdadeiro orçamento paralelo da União, sem nenhum controle do Congresso Nacional ou dos demais órgãos do Poder Executivo. O Banco Central registra os volumes crescentemente escandalosos a esse título. São gastos sobre os quais não existe nenhum limite, nem teto, nem contingenciamento.

Brasil – Despesas com pagamento de juros

Ano
Valor (R$ bilhões)
2021448
2022586
2023720

Fonte: BC

A chantagem levada a cabo pelos grupos associados ao financismo nacional e internacional colocam em cheque a natureza essencial da Petrobrás. Ela é uma empresa estatal e, portanto, deve responder aos desejos estabelecidos pelo acionista majoritário, o governo federal. Não se trata aqui de decisões casuísticas ou marcadas por algum tipo de oportunismo. A realidade é que as dimensões da empresa afetam de maneira significativa o ambiente econômico. Exatamente por isso é que a recuperação de seus investimentos se converte em uma necessidade premente para que o Brasil reencontre o caminho do desenvolvimento social, econômico e ambiental.

A choradeira dos especuladores parasitas é conhecida. Mas o governo dev éter força e firmeza necessárias para reafirmar a natureza pública da Petrobrás e a confirmar a prioridade das necessidades do conjunto da sociedade na comparação com o punhado de acionistas privados ávidos por resultados no curto prazo.

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